O nome guitarra refere-se a uma série de instrumentos de cordas beliscadas, que possuem geralmente de 4 a 12 cordas tensionadas ao longo do instrumento e possuem um corpo com formato aproximado de um 8 (embora também existam em diversos outros formatos), além de um braço, sobre o qual as cordas passam, permitindo ao executante controlar a altura da nota produzida. Existem versões acústicas, que possuem caixa de ressonância e elétricas, que podem ou não possuir caixa de ressonância, mas utilizam captadores e amplificadores para aumentar a intensidade sonora do instrumento.
As guitarras, bem como a maior parte dos instrumentos de cordas são construídas pelo luthier. O músico que a executa é chamado guitarrista .
As origens são obscuras. Numerosos instrumentos deste tipo foram utilizados na Antiguidade. Com efeito descobriram-se representações em baixo-relevos assírios e hititas que remontam a mais de 1000 anos antes da nossa era. Contudo, a guitarra vai buscar o seu nome a instrumentos sem braço (Kettarah assírio e Kiqaja grego) donde podemos supor que a guitarra derivou das citaras gregas e romanas às quais teria sido acrescentado um braço nos começos da nossa era. Seja como for, desde o sec. XI ou XII existiam dois tipos de «guitarra» ou «guiternes»: a mourisca («guitarra mourisca»), transportada às costas e aparentada com a «mandora» (secs. XIV a XVIII) e com a família dos ALAÚDES assim como com a do BANDOLIM; a latina («guitarra latina») com o fundo chato como a guitarra actual, tem ilhargas ligando o tampo superior ao tampo inferior. A primeira tese é a favor duma origem oriental (uma espécie de alaúde assírio, passando pela Pérsia e Arábia, teria conquistado a Espanha sob a dominação mourisca); a segunda é a favor de uma origem greco-latina. Um e outro tipo de instrumento estão representados nas miniaturas das Cantigas de Santa Maria, atribuídas a Afonso X «0 Sábio» (cerca de 1270). No sec. XIV, Machaut e Eustache Deschamps citam a guiterne sem precisão do tipo, mas parece tratar-se da guitarra «latina», já que da sua irmã mourisca resultou a «mandora». No sec. XVI, apareceu uma riquíssima literatura para a guitarra e sobretudo para a «viola de mão», espécie de grande guitarra, conhecida na Península Ibérica desde o sec. XIII e que, de 1520 a 1580 aproximadamente, eclipsa a guitarra antes de ser suplantada por esta última. Até aos começos do sec. XVIII, toda a música de «viola» ou de guitarra é escrita em «tablatura» (V. ALAÚDE). É o caso dos cinco Livros de Tablatura de Guiterne de A. Le Roy, publicados em 1551 por seu cunhado, o editor Ballard, assim como do Libro de Musica de vihuela de mano intitulado El Maestro de Milan (1536).
Em 1586, apareceu o primeiro tratado de guitarra. Diz respeito a um instrumento de 5 cordas duplas (as guitarras precedentes tinham apenas quatro e a viola seis) que se chamou, por esta época, «guitarra espanhola».
A guitarra clássica, tal como ainda é construída nos nossos dias, está munida de seis cordas simples (sem dúvida desde os últimos anos do sec. XVIII, porque Sor utiliza já a guitarra de seis cordas). As três agudas, são de tripa; as três graves de seda, envolvidas em fio de metal (cordas fiadas); o seu acorde é, do grave ao agudo,
Mi-Lá-Ré-Sol-Si-Mi, dando ao instrumento uma extensão de três oitavas e mais uma quinta (Mi1, a Si4). O braço esta recoberto por. uma régua de madeira dura (ponto) dividida por «trastos» em dezanove «secções» correspondendo aos meios tons temperados. Pode obter-se uma grande diversidade no timbre e na expressão através da forma como se ataca a corda (com a unha ou com a polpa, mais ou menos afastado do cavalete) e segundo a utilização de artifícios, tais como notas ligadas, trilos, vibratos, trémulos, sons HARMÓNICOS (o mesmo principio que para os outros instrumentos de corda), etc. O jogo melódico e contrapontístico da guitarra clássica qualifica-se de «ponteado», por oposição ao jogo «rasgado» (acordes secamente arpejados nos dois sentidos), reservado geralmente a música popular.
O mais ilustre guitarrista de todos os tempos (exceptuando Paganini. que passa por ter tocado este instrumento tão bem como o violino) foi Fernando Sor (1778-1839), autor de admiráveis composições para este instrumento. Foi seguido de D. Aguado y Garcia (apreciado por Bellini, Paganini e Rossini), aluno dum tal Miguei Garcia que recebeu ordens sob o nome de Padre Basilio, M. Giuliani (cujo talento causou admiração a Beethoven), e mais recentemente, F. Tárrega. M. Llobet, A. Segóvia.
As guitarras (nomeadamente. Stradivarius. fez duas), só apresentam um interesse de colecção. A grande manufactura e representada principalmente por A. de Torres (segunda metade do sec. XIX).
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